Rússia e Ucrânia realizam primeira reunião direta em três anos, mas impasse sobre cessar-fogo permanece
Após anos de silêncio e escalada da violência, Rússia e Ucrânia voltaram a dialogar frente a frente nesta sexta-feira (16), em uma reunião histórica que, embora não tenha resultado em um acordo de paz, reacende a esperança internacional de que a diplomacia possa abrir caminhos para aliviar o sofrimento causado pela guerra.

Representantes da Rússia e da Ucrânia se reuniram nesta sexta-feira (16), em Istambul, para o primeiro encontro direto desde o início da guerra, há mais de três anos. Apesar do gesto diplomático inédito desde março de 2022, as negociações terminaram sem acordo para um cessar-fogo, mas resultaram na confirmação da maior troca de prisioneiros desde o início do conflito: cada lado libertará mil detidos do país adversário.
O encontro, mediado por autoridades turcas e observado por representantes dos Estados Unidos, foi marcado pela ausência dos presidentes Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin - uma sinalização das dificuldades para avanços concretos. A delegação ucraniana, liderada pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov, afirmou ter recebido autorização para buscar um cessar-fogo imediato, mas classificou as exigências russas como “desvinculadas da realidade”, incluindo pedidos de retirada ucraniana de territórios ocupados por Moscou, o que Kiev considera inaceitável.
Do lado russo, o negociador Vladimir Medinsky declarou-se satisfeito com a retomada do diálogo e disse estar aberto a “possíveis compromissos”, embora sem detalhar quais seriam esses pontos. Moscou também afirmou que cada parte apresentará sua visão para um futuro cessar-fogo e que as negociações devem continuar em breve.
A troca de prisioneiros, caso concretizada, será a maior já realizada entre os dois países desde a invasão russa em fevereiro de 2022. O gesto é visto como um raro sinal de disposição para medidas humanitárias, mesmo diante do impasse político e militar.
Enquanto as delegações deixaram Istambul sem um acordo sobre a paz, ambos os lados indicaram abertura para novos encontros e, eventualmente, uma reunião entre os presidentes. Porém, a distância entre as demandas permanece grande, e os combates continuam intensos em várias regiões da Ucrânia, especialmente no leste do país, onde Moscou reivindica avanços territoriais.
A comunidade internacional acompanha com cautela os desdobramentos, enquanto líderes europeus e americanos reforçam a necessidade de negociações diretas entre Zelensky e Putin para qualquer avanço significativo rumo ao fim do conflito.
*Renato Feitosa é advogado e jornalista, com ampla experiência na área de comunicação e assessoria de imprensa.