Homenagem ao povo formosense: a força dos anônimos que constroem a cidade

Formosa, cidade de raízes profundas no Cerrado goiano, é reconhecida por sua história marcada pela coragem, diversidade e trabalho coletivo. Se nomes de prefeitos, políticos, empresários ou artistas costumam ocupar o centro das atenções, é fundamental lembrar que o verdadeiro alicerce do desenvolvimento local está na dedicação silenciosa de milhares de formosenses anônimos, que ao longo dos anos ajudaram a transformar o município em referência regional.

Desde o século XVIII, quando os primeiros moradores se fixaram na região fugindo das doenças do antigo Arraial de Santo Antônio do Itiquira, Formosa foi forjada pelo esforço de gente simples: tropeiros, lavradores, artesãos, professores, servidores públicos, comerciantes e tantos outros que, sem buscar reconhecimento, deram sua contribuição diária ao crescimento da cidade. A história local está repleta de exemplos de superação, como a dos negros que fundaram a Rua dos Crioulos (hoje Rua Alves de Castro), símbolo de resistência e de construção coletiva.

No presente, a tradição de participação ativa se mantém viva. O município instituiu o programa de voluntariado “Rede Mãos que Zelam Formosa”, reconhecendo e estimulando o trabalho de cidadãos que atuam em áreas como saúde, educação, assistência social, meio ambiente e cultura. Esses voluntários, muitas vezes invisíveis à grande mídia, ampliam o alcance das políticas públicas e promovem inclusão, solidariedade e justiça social, deixando um legado para as futuras gerações.

A cultura formosense também é mantida por mãos anônimas. O Museu de Formosa, por exemplo, só existe graças ao esforço do ex-marceneiro Leônidas da Silva Pires e de voluntários que, com criatividade e dedicação, organizaram eventos como a Feira da Moagem, resgatando tradições seculares do fazer artesanal, da culinária e da música regional. Mulheres fiandeiras, mestres da farinha, tocadores de viola e guardiões das festas populares mantêm vivas as raízes do município, transmitindo saberes de geração em geração.

Na educação, o impacto de tantos professores e educadores dedicados se reflete na transformação de centenas de crianças e jovens, formando pensadores e cidadãos conscientes. São profissionais que, com humanidade e compromisso, mudaram e continuam mudando para sempre a trajetória de gerações em Formosa, muitas vezes sem reconhecimento público, mas deixando um legado fundamental para o desenvolvimento da cidade.

Em reconhecimento a essas trajetórias, a Câmara Municipal realiza anualmente a entrega de títulos e comendas a cidadãos que, muitas vezes vindos do anonimato, se destacam pelo serviço à comunidade. São professores, servidores, líderes comunitários, agricultores, profissionais da saúde e tantos outros que, com seu trabalho, inspiram o progresso de Formosa.

Essas homenagens têm como objetivo reconhecer cidadãos que, por meio de suas contribuições e serviços prestados, se destacam no crescimento e fortalecimento da cidade. A cerimônia é uma forma de agradecer e valorizar publicamente os cidadãos que, com suas ações, inspiram e promovem o bem-estar e o progresso de Formosa.

O desenvolvimento de Formosa não é obra de poucos, mas resultado do esforço coletivo de todos: dos que nasceram aqui e dos que escolheram a cidade para viver. Cada rua pavimentada, cada escola aberta, cada celebração cultural é fruto do trabalho de milhares de mãos anônimas, que seguem escrevendo, dia após dia, a história de uma cidade plural, acolhedora e resiliente.

Esta reportagem presta homenagem a essas pessoas comuns, cuja dedicação silenciosa constrói, dia após dia, a força e a história de Formosa.

Aos formosenses anônimos - homens e mulheres do campo e da cidade, jovens e idosos, pioneiros e recém-chegados - fica o reconhecimento e a gratidão. Vocês são a verdadeira força de Formosa, exemplo de cidadania, solidariedade e esperança para as novas gerações.

*Renato Feitosa é advogado e jornalista, com ampla experiência na área de comunicação e assessoria de imprensa.