China suspende compra de frango brasileiro após detecção de gripe aviária no RS

A decisão da China de interromper temporariamente a compra de carne de frango brasileira, anunciada nesta sexta-feira (16), acende um alerta para o setor agropecuário nacional e evidencia o impacto imediato de questões sanitárias nas relações comerciais internacionais, após a confirmação de um foco de gripe aviária em uma granja do Rio Grande do Sul.

China suspende compra de frango brasileiro após detecção de gripe aviária no RS
A China suspendeu por 60 dias a importação de carne de frango de todo o Brasil após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul, medida anunciada nesta sexta-feira (16) pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, à CNN.

A China suspendeu por 60 dias a importação de carne de frango de todo o Brasil após a confirmação do primeiro foco de gripe aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial no município de Montenegro, na Região Metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (16) pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, à CNN Brasil.

A medida chinesa, que entrou em vigor imediatamente, foi tomada após o governo brasileiro informar oficialmente a detecção do vírus em um estabelecimento comercial de aves - um episódio inédito no país. Até então, o Brasil só havia registrado casos do vírus em aves silvestres. O Ministério da Agricultura declarou estado de emergência zoossanitária e iniciou as ações previstas no plano nacional de contingência, com foco em conter e erradicar o surto para preservar a capacidade produtiva do setor avícola brasileiro.

Além da China, a União Europeia também suspendeu as compras de frango brasileiro. Outros mercados importantes, como Japão, Emirados Árabes, Arábia Saudita, Reino Unido e Argentina, optaram por restringir as importações apenas ao estado do Rio Grande do Sul ou ao município afetado, seguindo protocolos de regionalização já acordados com o Brasil.

O impacto econômico da suspensão chinesa é significativo. Em 2024, o Brasil exportou cerca de US$ 1,288 bilhão em carne de aves para a China, com uma média mensal de vendas que supera US$ 100 milhões. Apenas nos primeiros quatro meses de 2025, as exportações para o país asiático já haviam atingido US$ 455 milhões, um aumento de quase 20% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O ministro Fávaro explicou que o Brasil adotou o chamado "autoembargo", medida de suspensão voluntária das exportações, para demonstrar rigor técnico e transparência diante do caso. Ele afirmou que, se o foco for eliminado rapidamente e todos os protocolos de rastreamento e controle forem seguidos, há otimismo quanto à possibilidade de retomar as exportações antes do prazo de 60 dias.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) manifestou confiança na agilidade das autoridades brasileiras para solucionar o impasse e ressaltou que a situação não representa risco ao consumidor final. O Ministério da Agricultura reforçou que não há risco de transmissão da doença pelo consumo de carne de frango ou ovos, desde que devidamente cozidos, e que o perigo maior está no contato direto com aves infectadas.

O governo brasileiro segue em contato com organismos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), e com os parceiros comerciais, buscando limitar o impacto do embargo e restabelecer rapidamente o fluxo normal de exportações.

A decisão da China de interromper temporariamente a compra de carne de frango brasileira, anunciada nesta sexta-feira (16), acende um alerta para o setor agropecuário nacional e evidencia o impacto imediato de questões sanitárias nas relações comerciais internacionais, após a confirmação de um foco de gripe aviária em uma granja do Rio Grande do Sul.

*Renato Feitosa é advogado e jornalista, com ampla experiência na área de comunicação e assessoria de imprensa.